FOR THE YOUNG WHO WANT TO

Talent is what they say
you have after the novel
is published and favorably
reviewed. Beforehand what
you have is a tedious
delusion, a hobby like knitting.

Work is what you have done
after the play is produced
and the audience claps.
Before that friends keep asking
when you are planning to go
out and get a job.

Genius is what they know you
had after the third volume
of remarkable poems. Earlier
they accuse you of withdrawing,
ask why you don’t have a baby,
call you a bum.

The reason people want M.F.A.’s,
take workshops with fancy names
when all you can really
learn is a few techniques,
typing instructions and some-
body else’s mannerisms

is that every artist lacks
a license to hang on the wall
like your optician, your vet
proving you may be a clumsy sadist
whose fillings fall into the stew
but you’re certified a dentist.

The real writer is one
who really writes. Talent
is an invention like phlogiston
after the fact of fire.
Work is its own cure. You have to
like it better than being loved.

(by Marge Piercy)

Sem vergonha (FELIZMENTE!)

PARA A CATARINA, UM HOMEM LINDO E HONESTO!!! BEIJOS!


O pequeno elevador me leva à cobertura de um prédio no Leblon. A viagem é lenta, mais de 14 andares. Quando me vê apertar o botão com a letra C, o morador do 7º andar puxa papo: “Vai para o céu, onde há sauna, vista pro mar e espreguiçadeira?”. Respondo que sim, e ele emenda: “Um dia a gente chega lá”. Suspiro esperançosa. Lá é a casa de Ney Matogrosso.

A viagem de Ney até a cobertura de sua vida também foi lenta. Filho de militar e dona de casa, segundo de cinco irmãos, já foi cadete da Aeronáutica, vendeu artesanato na rua e trabalhou sete anos num hospital em Brasília antes de rebolar como o Matogrosso que lhe deu fama. Fama que veio tarde, aos 31 anos, quando estreou como vocalista do mitológico Secos & Molhados, em 1972. Tão tarde que contrariou uma das máximas do produtor musical Liminha – pai do Barão Vermelho e Titãs –, aquela que diz que, se o cara não estoura lá pelos 25 anos, não tem chance na música pop.


Sou recebida no hall pelo próprio Ney e logo fica evidente que ele é o oposto de sua persona artística: pequeno, cara lavada, jeans e uma timidez desconcertante. Sem graça, recuso o copo de água que ele oferece, embora estivesse morrendo de sede. Logo aparecem um gato e um cachorro para nos fazer companhia. Ney adora animais e vive rodeado deles – e só deles – na cobertura enorme. É que ele não acredita em casamento. Prefere casas separadas, “mas não muito distantes”, para manter o mistério entre as duas partes e poder ler na cama sem ser interrompido. Essas não são suas únicas crenças. Em sua cartilha não há nada que seja feio, vergonhoso, que não valha ser experimentado. É por isso que, apesar da timidez, fala naturalmente sobre a descoberta da homossexualidade, sobre usar o corpo para quebrar tabus, sobre provocar igualmente a libido de homens e mulheres, sobre o relacionamento com Cazuza. Segundo Dostoievski, algumas coisas só devem ser contadas aos amigos. Outras, nem a eles. Outras ainda, nem a si mesmo. Ignorando o escritor russo, Ney não esconde nada, inunda todos os tópicos e, com palavras, mata minha sede.



- Você gostava de cantar desde pequeno?
Ney Matogrosso Só comecei a cantar no ginásio. Foi nessa época também que tive contato com teatro, mas tinha que fazer escondido porque meu pai não podia nem sonhar. Eu desenhava muito bem e falei que queria estudar desenho, mas ele proibiu, disse que não teria filho artista de jeito nenhum. Aí eu contrariava fazendo teatro escondido. Minha mãe sabia, meus irmãos sabiam, meu pai não.

- Seu pai era militar, durão. Como foi crescer assim?
Foi uma relação conturbada, a gente chegou a sair na porrada. Ele me deu, eu dei nele, e ele me mandou sair de casa. Eu tinha 16 anos, mas voltei rápido. Em seguida, me alistei na Aeronáutica e pedi para servir no Rio de propósito para ficar longe da minha família. Eu era uma criança diferente, sabia disso mesmo pequeno. Eu não tinha a inocência das crianças, entendia tudo do mundo adulto, as conversas paralelas. Muito cedo saquei que a referência era sempre sexo e entendi que todos achavam que aquilo era nojento, mas todos faziam.

- Como foi esse período na Aeronáutica?
Muito interessante, fiquei lá dois anos, de 57 a 59. Trabalhava num departamento que cuidava da manutenção dos aviões. Depois, fui parar na polícia da Aeronáutica, andava com pistola, cinturão, capacete. Eu tinha 17 anos, mas era bobo. E tive de conviver com outros adolescentes que eram fogo na roupa. Precisei aprender a marcar meu território.

- Como funciona isso de marcar território?
É uma questão de masculinidade, de você ser testado a toda hora. Seu espaço é invadido, e você tem que reagir para mostrar aos outros quem você é. Algumas vezes tive que brigar. Saía na porrada quando questionavam minha sexualidade, não admitia brincadeira. Eu ainda não tinha assumido [a homossexualidade], mas pensava assim: mesmo se eu fosse [gay], não admitiria aquelas brincadeiras.

- Foi lá que você viu dois homens juntos pela primeira vez?
Vi dois remadores enormes fazendo amor. Mas o que eu vi não me chocou. Havia uma coisa bonita que pairava sobre eles. Eu não sabia que podia existir um sentimento tão forte entre homens. No Mato Grosso, já tinha conhecido um cara assim [gay], mas ele era um estereótipo.

- Como foi sua primeira vez com um homem?
Foi aos 21, dois anos depois de sair da Aeronáutica. Fui morar em Brasília e conheci uma criatura por quem me apaixonei. E não precisei mover um dedo para acontecer. Aí, quando aconteceu, eu pensei: “Ah, era isso? Se eu soubesse que era isso, tinha feito antes” [risos].

- Como você foi parar em Brasília?
Depois que saí da Aeronáutica, fiquei entre Rio e São Paulo por uns dois anos, vendendo artesanato. Até que, em 61, um primo que era médico em Brasília me ofereceu trabalho na cidade, recém-inaugurada. O hospital precisava de gente, e lá não tinha mão-de-obra. Fiquei lá sete anos, fui pro Rio vender artesanato, voltei para Brasília e só saí de lá para fazer o Secos & Molhados.

- Como um laboratorista virou cantor do Secos & Molhados?
Em 69, tinha pedido mais uma licença do hospital em Brasília e estava no Rio quando uma amiga falou que conhecia dois caras que precisavam de um vocal. Eu gostava de cantar e já tinha feito teatro infantil. Essa minha amiga, a Luli, conhecia o João Ricardo [integrante dos Secos & Molhados]. Ele queria relançar um conjunto que tinha tido, mas que não deu certo. E estava atrás de um homem que conseguisse cantar uma oitava acima deles. A Luli disse: “Eu conheço um cara para vocês”.

- O Secos & Molhados lotou teatros, virou fenômeno. Isso te surpreendeu?
Sempre fui muito recatado, mas descobri que, com aquela maquiagem, liberava um lado meu mais agressivo, contestador. O Brasil era um país careta, submetido a uma ditadura militar agressiva. Claro que fiquei surpreso com a repercussão. Eu sabia que estava provocando. Volta e meia recebia ameaças. Cheguei a receber informações, antes de subir no palco, de que seria assassinado naquela noite. Queriam que eu entrasse em carros que nunca entrei. Uns carros que apareciam para me apanhar na saída do teatro. Diziam que era para me proteger.

- Você tinha a atitude da Madonna em plena ditadura dos anos 70...
Pois é. Tudo que a Madonna fez, eu fazia antes. Na ditadura. De pau de fora. Se era proibido, eu queria. Hoje, não tenho o menor interesse nisso. Naquela época tinha um motivo, fazia para desacatar as autoridades. Minha arma era essa, eu lutava com a libido. O que eu fazia era para chocar e para questionar. Quem disse que homem não pode rebolar, ser sensual, provocar? Eu já entrava no palco com tanta raiva que não havia espaço para me agredirem.

- Quando viu que precisava agir assim?
Com o Secos & Molhados, bem no início, em São Paulo. Estava cantando “Rosa de Hiroshima”, e a platéia começou a fazer um coro: “Veado, veado”. Eu parei de cantar e esperei um tempo. O coro só aumentava. Então fiz uma pose bem linda e esperei um pouco mais. Nada. Foram uns 15 minutos e eu lá, parado, ouvindo milhares de pessoas me chamarem de veado. Aí peguei o microfone e gritei: “Vão tomar no cu”. Houve um silêncio, e eles começaram a aplaudir. Entendi ali que não podia ter medo deles.

- Você saiu ileso dos anos 70 e 80 apesar das drogas e da Aids. Rolou alguma culpa por ter feito tudo o que os outros fizeram e sobreviver?
Não. Nunca achei sexo feio, pecaminoso nem nojento. Nunca achei que as coisas que eu fazia mereciam castigo. Acho que sou um ser humano que está aqui para experimentar. Dentro desse conceito, nada é feio, nada é errado. Minha ética é muito rigorosa, mas não é imposta pelo mundo. É imposta por mim. Obviamente fui exposto ao vírus [da Aids]. Mas vou contar uma coisa estranha que aconteceu comigo. Na década de 70, eu vivia na esbórnia total. Mas chegou 79 e alguma coisa dentro de mim falou: “Recolha-se”. E eu me recolhi.

- O que você acha dessa história de provocar a libido até em senhoras de 70 anos?
Todo mundo tem libido, mas muita gente reprime isso. Uma vez, na rua, uma senhora me disse que achava que estava morta até me ver num show. Acho bom poder chegar nas pessoas numa parte delas que é tão problemática. E espero que elas façam muito bom uso disso.


- Você está com 60 anos. É difícil envelhecer?
Na verdade, tenho 62. Mas não me sinto velho. Claro que não tenho o mesmo físico de antes. Mas também não sinto falta do passado. Quando fiz 60, tive uma insegurança absurda, achei que tinha de mudar a minha forma de ser para ficar compatível com a idade. Mas o tempo passou, e eu vi que continuava sendo a mesma pessoa. Claro que, num determinado momento, meu físico vai estar tão transformado que eu vou ter que começar a... nem eu sei o que vou ter que fazer.

- Você está gravando com muita gente nova, como o Pedro Luís [do grupo carioca Pedro Luís e a Parede]. De onde vem essa antena?
A minha atitude diante da vida é de abertura. Sou uma pessoa que não tem nada preestabelecido, predeterminado. Sou a própria “Metamorfose Ambulante” do Raul [Seixas]. Eu não quero ter opinião formada a respeito de nada, eu quero estar aberto, até para mudar de opinião. As pessoas se gabam de ter personalidade forte, de não mudar de opinião. Acho isso uma bobagem.

- Você também cantou Barão Vermelho antes do sucesso, não foi?
É que eu já conhecia o Cazuza [Ney e Cazuza foram namorados antes de ele entrar para o Barão Vermelho].

- A Lucinha Araújo [mãe de Cazuza] contou que, quando ele estava muito mal, você era uma das únicas pessoas que passavam lá para visitar. Era muito difícil ver uma pessoa de quem você gostava tanto sofrer com a Aids?
Não era só o Cazuza, isso estava acontecendo com outros amigos meus. Claro que ele sempre foi especial na minha vida. Mesmo depois de a gente ter se separado, continuamos próximos. Uma semana depois do rompimento, a gente já estava saindo que nem loucos aqui pelo Baixo Leblon, de mãos dadas.

- Qual foi a importância do Cazuza na sua vida?
Ele me resolveu afetivamente. Antes, tinha pavor de relacionamentos. Se eu conhecesse uma pessoa e percebesse qualquer intenção de um relacionamento mais profundo, cortava imediatamente. Com o Cazuza, vi que era possível exercitar uma coisa mais afetuosa, mais amorosa. Não era só amor sexual. Até na hora da morte ele fez isso: me envolveu.

- O que você gostaria de ver escrito em sua lápide quando for embora?
Aqui jaz uma pessoa que ousou ser de verdade.


(Daqui.)

YOU WILL CARE FAR LESS WHAT OTHER PEOPLE THINK OF YOU/ WHEN YOU REALIZE HOW RARELY THEY DO.

Beijos sinceros e encorajadores a todos os que são diferentes - por opção ou por exclusão!!!





DRESS/DANCING CODE PARA O PRÓXIMO FIM DE SEMANA

NO PASSOS OU NO TENDÃO, UMA HOMENAGEM ÀS CABRAS
(DRUNK OR NOT!!!)



MÚSICA DO POST ANTERIOR

SUCCESS

is never permanent, failure is never fatal. The only thing that really counts is to never, never, never give up.